quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vou-me embora pra Pasárgada...

Quando o assunto é política eu costumo dizer que eu acho o seguinte: Como quem acha não sabe nada, então não sei nada sobre essa matéria.
Diante da dúvida de quem eu vou votar, se é  Nesse ou Naquele.
Resolvi  pegar uma carona com o Poeta Manuel Bandeira e Vou-me embora prá Pasárgada, também.
Nem mesmo precisarei  justifcar o voto , pois lá sou amigo do amigo do Rei.

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

(Manuel Bandeira)

Um comentário:

  1. Concordando com seu trocadilho meu querido...Que tal nos convidar para irmos todos pra Pasárgada??? Lá, a gente não é obrigado a assistir diariamente, tamanha HIPOCRISIA...
    Concordo com Paolo Mantegazza: Se uma leve camada de hipocrisia não cobrisse o apodrecido tronco da nossa moderna civilização, que horrendo espectáculo não se depararia à nossa vista!
    Mamma Mia!!! :0


    Beijinhos Carinhosos

    ;********

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As mudanças são necessárias, claro, mas não se pode deixar de sentir um pouco de nostalgia - Afinal, ela é parte de nossa história. Sem essas lembranças é como se não existisse passado...

SEJAM BEM VINDO(S)!

Pedaços do caminho