domingo, 27 de dezembro de 2009

Entre a Bigorna e o Martelo da Adversidade

Michelangelo Buonarroti (1475-1564),mergulhou na arte do Renascimento italiano. Suportou ser espancado quando, aos treze anos de idade, deixou a escola para ser aprendiz de pintor e, em seus últimos anos de vida, suportou dor física, privações e o desfavor dos papas governantes.

Michelangelo foi tirado da mãe no momento do nascimento e mandado para uma ama-de-leite perto de Carrara, região das melhores jazidas de mármore da Itália. Foi devolvido aos cuidados da mãe ao completar dois anos, mas ela ainda jovem morreu quando ele tinha seis anos. Poucos cuidados e atenção ele recebeu a partir daí. Seus biógrafos sugerem que essa profunda perda foi a razão de a figura da mãe prevalecer em sua obra, e que isso também explica o fato de, em suas representações de Jesus e Maria, esta, a mãe, não olhar diretamente para o filho e ter uma ar distante.

Michelangelo disse: “Nasci nas boas montanhas de Arezzo e mamei ouvindo o barulho dos cinzéis e martelos dos cortadores de mármore.” É também possível que, com seu modo de expressar a fórmula masculina perfeita, ele estivesse procurando criar seu próprio eu masculino perfeito, uma pessoa que o negligente pai finalmente aprovaria.

Logo após a morte de sua mãe, seus irmãos mais velhos e o pai, percebendo que ele era diferente deles, maltratavam-no fisicamente e xingavam-no. Artista inato, ele desenhava figuras na parede de sua casa e da escola, pouco se interessando em outra coisa. Finalmente depois de repetidos fracassos, em tudo que tentava fazer, Michelangelo encontrou emprego nos Jardins do Médici, em Florença, Itália. Sua função era preparar blocos de mármore para outros escultores neles trabalharem.

Certo dia, o rapaz fez uma escultura de sua própria imaginação, aproveitando um pedaço de mármore que sobrou. Quando Lourenço de Médici, o banqueiro mais rico da Europa, seu patrão, viu a escultura, imediatamente reconheceu o notável talento de Michelangelo e convidou-o a residir em seu luxuoso palácio, onde lhe foram dados os mesmos privilégios dos filhos de Lourenço.

Quando este faleceu, em 1492, Michelangelo estava pronto a fazer sua próprias criações.

Foi em Roma que Michelangelo produziu sua primeira grande obra de escultura: A morte de Cristo nos braços de Maria.

Á medida que se tornava famoso, Michelangelo foi convocado pelo então Papa Julio II para projetar um grande túmulo, destinado a ser o mausoléu do Sumo Pontífice. Michelangelo apresentou um projeto que compreendia trinta e oito estátuas de profetas e santos, reunidas em torno do túmulo. O Papa ficou muito satisfeito e ordenou que Michelangelo que o executasse.

A intriga com o Vaticano começou, então, a se manifestar. Outros artistas e escultores, entre eles Rafael e seu companheiro, Bramante, que estava incumbido da construção da nova Igreja de São Pedro, então em obras, ficaram tomados de grande inveja diante do favoritismo do Papa por Michelangelo.

Eles convenceram Julio de que não lhe ficava bem construir seu túmulo, enquanto ainda vivia. Por que não mandar Michelangelo pintar o teto da capela particular do Papa? Conhecida como Sistina.

Michelangelo protestou dizendo que era escultor, e não pintor. O fato, porém, é que ele preferia esculpir e sabia que pintar um teto, a vários metros de altura, seria um processo que levaria anos e exigiria o desenvolvimento de novas técnicas de pintura. No entanto, o Papa Julio estava convencido, e Michelangelo deu inicio a quatro anos de trabalho isolado e estafante, que resultaria em sua obra mais famosa.

Nenhum pintor da história da humanidade jamais enfrentara tarefa mais formidável. Se Michelangelo não tivesse sido treinado pela experiência da vida a persistir sob qualquer espécie de penosa adversidade, ele teria desistido antes de começar.

No inicio, Michelangelo contratou outros pintores bem conhecidos para auxiliá-lo; depois de ver os primeiros esforços, porém, demitiu todos eles, apagou o que já tinha feito e se trancou na capela para fazer o trabalho sozinho.

Grande parte da experiência foi de miséria para ele. O Papa Júlio, alternadamente, criticava o seu trabalho e, esquecia de pagá-lo. Ele se debatia com a sua saúde precária, com corrosões e infiltrações na capela; suas roupas transformaram-se em farrapos sobre o seu corpo. Além disso, enfrentava o constante desafio de pintar figuras em perspectiva em uma superfície curva e abobadada. Ele escreveu que com freqüência sentia como se estivesse perdendo o seu tempo, “sem nenhum resultado”. Muitas vezes, repintava figuras que considerava completas. Um amigo lhe perguntou por que se sacrificava tanto para pintar figuras que só seriam vistas à distância: “Quem saberá se estão perfeitas ou não?” Ele perguntou. Michelangelo respondeu: “Eu saberei”.

Michelangelo perseverou até que, no final, completou o maior e mais famoso afresco do mundo. Certa vez ele escreveu: “Eu me esforço mais do que qualquer outro homem que já viveu...e com grande exaustão; mesmo assim, tenho paciência para chegar ao objetivo desejado”.

Quando foram completados, os afrescos de capela que cobriram 1.764,84 m2 e tinham mais de 300 figuras. Os teólogos elogiaram os temas das obras. Os críticos de arte enalteceram sua beleza e a complexidade das figuras. Através dos séculos, milhões de visitantes contemplam com assombro aquilo que se retratou.

É bom refletir um instante sobre o que um homem construiu. Será que se tivesse uma infância suave e tranqüila Michelangelo teria adquirido essa resistência à dor, ao desconforto físico e a fadiga, a insuperável firmeza ante todos os obstáculos, a vontade verdadeiramente indomável para levar a termo uma tarefa?

Você deve ter compreendido, agora, que o caráter e a habilidade são forjados entre a bigorna e o martelo da adversidade.

Talvez você não tenha sido capaz de compreender por que tem tido de suportar tanta coisa. Até agora, você talvez ache que o que tem passado não lhe terá nenhuma utilidade. Tudo isso foi tempo e trabalho perdidos, que jamais serão recuperados!

Nem você poderá recuperar, em muitos casos, o que lhe foi tomado.

Mas certamente compreenderá que hoje está adiante de novas situações e desafios. Não se pode voltar à situação anterior – e começar de lá. Você pode, entretanto, recorrer ao aprendizado de todas as experiências passadas, que vai ajudá-lo a enfrentar e resolver problemas atuais.

Jamais se esqueça de que toda força, coragem, perseverança ou compreensão de que precisa, agora, você já as tem, porque desenvolveu no passado. Portanto, use-as agora!

Do livro Fênix: renascendo das cinzas/Daniel Carvalho Luz (Dvs Editora)

Um comentário:

  1. Olá amigo, muito boa tarde. Queria te apresentar o SouVencedor.com, que é um projeto que tem o objetivo de motivar as pessoas e criar em todos um sentimento de conquista e vitória por meio da esperança independente do tamanho do desafio. O endereço é http://www.souvencedor.com. Um forte abraço.

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As mudanças são necessárias, claro, mas não se pode deixar de sentir um pouco de nostalgia - Afinal, ela é parte de nossa história. Sem essas lembranças é como se não existisse passado...

SEJAM BEM VINDO(S)!

Pedaços do caminho